Queda na venda de livro e diversidade nas editoras: informações de pesquisas recentes
E mais: Flipei acusa direção da Flip, novas livrarias e espaços de arte gráfica, curso online de cultura japonesa, três livros da C33, dadinho e um detalhe
Dinheiro & diversidade
Duas pesquisas recentes ajudam a entender o mercado editorial brasileiro. A Nielsen trouxe dados do histórico de sua pesquisa de vendas. Entre as informações, o fato de que desde 2006 o setor teve uma diminuição de 43% no faturamento nas vendas ao mercado – ou seja, que não são para o governo. O dado considera a inflação do período. O levantamento divide o meio editorial em quatro subsetores: obras gerais, didáticos, religiosos e CTP (científicos, técnicos profissionalizantes). Pela primeira vez, o faturamento de religiosos foi maior que o de CTP. O setor de obras gerais sofreu queda de 15% no número de exemplares vendidos e redução de 29% no preço médio em termos reais nos últimos 18 anos. A outra pesquisa, realizada pela consultoria Wiabiliza com 45 editoras, enfoca diversidade no ramo. O levantamento aponta que 87% das empresas contam com mulheres em cargos de liderança. Em 58% dos casos, pessoas LGBTQIAP+ ocupam cargos de chefia, mesmo percentual para pessoas negras.
Flipei x Flip
O Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes) disse ter sido atacado pela direção da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). O Flipei é um dos espaços alternativos mais consolidados da Flip, ocupando um barco em seus primeiros anos ao invés das tradicionais casas. Em 2023, o Flipei aconteceu na Praia do Pontal. "No ano passado, o ataque veio da direção da #FLIP @flipe_se, executado pela Polícia Militar. Tivemos 12 horas da nossa programação censurada, chegando a interromper a discotecagem do maior DJ do país, KL Jay [integrante do Racionais MC's]", afirma postagem no perfil oficial do evento. A Flip não fez manifestação pública sobre o assunto. Neste ano, o Flipei acontecerá na Central 1926, em São Paulo/SP, no começo de agosto. Renato Freitas, Bnegão, KL Jay, Clara Mattei e Juliane Furno são alguns dos nomes confirmados.
+ espaços de publicações
Novas livrarias especializadas estão surgindo pelo Brasil. Em São Paulo/SP, a Barrilete (R. Dr. Luís Barreto, 103) trará livros sobre futebol a partir de 20 de julho. "Nossa proposta é ser um ponto de encontro de quem é maluco por futebol, igual eu sou", diz Carlos Eduardo Mitsuo Nakaharada, que dirige a empreitada com Diego Polachini. O nome é uma referência a um dos apelidos de Maradona, imortalizado na narração de um dos mais belos gols da história. No último sábado (6), a Caderno Listrado abriu a loja de arte gráfica Espátula Print Shop na Av. Jaime Reis, 107. E até 28 do mês tem lá a mostra COLEÇÕES #01 com trabalhos de 35 artistas e coletivos. Já em Porto Alegre/RS, a Brasa Editora fundou uma loja especializada em quadrinhos autorais brasileiros. O espaço, na R. José do Patrocínio 611, passou a ser também a sede do selo editorial.
Cem vistas do Monte Fuji
Monte Fuji: representação e iconografia é o novo curso na Sala Tatuí, com o mestre em cultura japonesa Diogo Kaupatez. Em seis encontros, das 19h às 21h, o fundador da C33 Editora irá se debruçar sobre a obra e a vida do maior expoente do movimento artístico ukiyo-e: Katsushika Hokusai. A base da ementa é a famosa série Cem vistas do Monte Fuji, uma das mais emblemáticas obras do período Edo. A análise das ilustrações possibilitará a compreensão das estampas ukiyo-e, da situação social da época, lendas folclóricas, figuras históricas e rituais religiosos. O curso acontece de maneira virtual e ao vivo. As aulas começam em 22 de agosto. Até o dia 19 de julho as inscrições têm desconto. Mais informações no site da Sala Tatuí. Abaixo, três livros editados pelo professor.
3 livros sobre o Japão



O belo caminho
No Japão pré-moderno, as relações homossexuais entre homens era corriqueira e praticada por distintas classes sociais, de samurais a monges budistas. Também era celebrada na arte e literatura da época. A obra de Gary P. Leupp, com tradução de Diogo Kaupatez, editor da C33 Editora, traça um panorama dessa história, na qual ficam claras as diferenças com relação ao Ocidente. Conheça aqui.
Cartas
Um romance sobre dois irmãos expostos às contradições da sociedade japonesa contemporânea e as consequências de suas ações. Keigo Higashino narra como o peso de uma condenação penal, extrapola os limites da individualização da pena do criminoso, atingindo as pessoas ao redor e, principalmente, sua família. Saiu pela C33 Editora. Conheça aqui.
O quarto tesouro
A narrativa acontece em três épocas: o período feudal japonês, os anos de crescimento econômico do país na década de 1970 e a São Francisco do início do século XX. Após mudar para os Estados Unidos e rejeitar sua tradição em uma escola de caligrafia milenar, Kiichi Shimano sofre um derrame e a arte se torna sua principal conexão com o mundo exterior. De Todd Shimoda, com tradução do Diogo Kaupatez, editor da C33 Editora. Conheça aqui.
dadinho [dicas culturais aleatórias]
O bar Orora, no Recife/PE, recebe nesta terça (9), a partir das 17h, uma feira de livros de HQs.
Começa semana que vem o módulo de impressão artesanal, com Gilberto Tomé, do Curso Tatuí de Publicação.
A Delícia Feira de Impressos rola no centro do Rio de Janeiro/RJ, sábado e domingo (13 e 14)
Está aberto o edital de chamamento para a feira de livros do IV Festival Mário de Andrade, em São Paulo/SP
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O Mubi Fest, festival do streaming homônimo, acontecerá na Cinemateca de São Paulo/SP de 26 a 29 de julho
Um detalhe
Um detalhe do Balbúrdia, do Iago Passos, da Alecrim Edições, com poemas sobre os afetos e encontros. O livro tem projeto gráfico do Preto Matheus e foi feito em parceria com SQN Biblioteca, editora que acabou de entrar no acervo da Banca Tatuí. Ambas iniciativas mineiras estarão no segundo final de semana da Feira Literográfica, no Sesc de São José dos Campos/SP (Av Ademar de Barros, 999)
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EXPEDIENTE: Boletim Tatuí; segunda-feira, 8 de julho; ano 5; nº 96; escrito por João Varella, Guilherme Ladenthin, Ian Uviedo e Cecilia Arbolave; diagramado por Mariana Lensoni.