As repercussões do Indiebookday no Brasil
E mais: Editora Gráfica Heliópolis perde sua sede, projeto de lei pode censurar a Bandeyra, exposições de ilustradores, três livros de música, dadinhos e um detalhe
Um Indiebookday gigante
O Indiebookday, data mundial do livro independente, movimentou o cenário cultural brasileiro. Na Banca Tatuí, três lançamentos: Um poema é uma espécie de máquina, de Stêvz, Em outras palavras, de Marcela Monteiro (Bebel Books) e Meu Livro Vermelho, de Otto (Impressões de Minas). Músico, Otto deu um show. A movimentação começou com a "kombulância" da Caverna. Junio Barreto, Lavínia, Marcelo Nakamura e Bárbara, que canta Elis Regina nos bares da região, dividiram a calçada com a Jambroband. Parte da apresentação ficou gravada no Instagram. Ao final do show, Otto puxou o coro "Ah, é Pernambuco"... Lá, a Livrinho de Papel Finíssimo e Titivillus Editora espalharam mais de 30 livros pelo centro do Recife. O canal TV Pernambuco fez matéria, destacando a hashtag #indiebookday. Em Curitiba, a Arte & Letra recebeu as editoras Telaranha e Barbante. Inúmeras livrarias de SP como Miúda, Livraria da Tarde, Curva, Aigo, Simples, Candeeiro e Cabeceira entraram na onda, que chegou até Belém/PA, na Travessia. Leitores também participaram: Maria Paula Coelho, curadora do Clube Tatuí de Leitura, exibiu sua coleção.
Gráfica Heliópolis perde espaço
A Editora Gráfica Heliópolis (EGH) saiu do Centro Educacional Unificado (CEU) Heliópolis, espaço que ocupava desde 2018. "A atual gestão solicitou a nossa saída e, por enquanto, os nossos trabalhos serão interrompidos, mas nunca, jamais finalizados por ninguém, pois representamos sonhos e propósitos e estes são eternos", disse a EGH em postagem no Instagram. O CEU Heliópolis afirmou que a EGH estava usando o espaço apenas como depósito. "Com a gráfica fechada e sem atender os munícipes, não havia sentido manter os objetos armazenados, por essa razão e com anuência da SME [Secretaria Municipal de Educação], solicitamos a desocupação", afirma texto publicado pelo Jornal do Heliópolis. Em 2023, PC Marciano, idealizador da EGH, foi um dos homenageados do Festival Arena da Palavra.
Bandeyra em risco
A Comissão de Defesa da Democracia do Senado aprovou um projeto de lei que criminaliza a alteração de cores e formas da bandeira nacional. Se o projeto for sancionado, quem fizer isso poderá ser preso por até um ano. Artistas como Fred Costa, autor da Bandeyra, ficariam sujeitos à punição. Para ele, o projeto tem intenção persecutória flagrante. "Já existe uma lei que proíbe alterações na bandeira nacional desde os anos 1970. Só não vão presos pois a Constituição passou a garantir desde 1988 a liberdade artística, que serve de excludente de ilicitude nestes casos", afirmou Costa para o Boletim Tatuí. "A novidade é que a lei agora fala mais especificamente sobre comercialização, mas uma restrição de conteúdo de um produto artístico cultural ainda é censura, mesmo (e sobretudo) quando feito em nome da pátria". O PL segue para a Comissão de Constituição e Justiça.
Ilustras exposições
Três exposições com destaque para ilustradores acontecem em diferentes cidades do país. Em Porto Alegre/RS o CHC Santa Casa exibe a Humor para todis como parte do ciclo "O humor nos tempos de cólera". Há trabalhos de Laerte, Triscila Oliveira, Leandro Assis, Batista e Fabiane Langona. A exibição gratuita fica em cartaz até 15 de abril. Já o CCBB do Rio de Janeiro/RJ apresenta Mundo Zira com trabalhos do icônico artista Ziraldo – o criador do Menino Maluquinho – e bastante interatividade. E São Paulo/SP tem a exposição Yoshitaka Amano – Além da Fantasia, com mais de 80 obras do artista japonês conhecido pela série Final Fantasy, no Farol Santander.
3 livros massa sobre música
Deusas do Rock
Com as ilustrações de Powerpaola e textos de Barbi Recanati, a obra reúne mulheres que contribuíram para o rock'n'roll: desde nomes desconhecidos de pioneiras do blues até a pulsante década de 1990. A publicação é da Editora Hipotética com tradução de Letícia Ribeiro Carvalho. Conheça aqui.
Grandes Sucessos
Grandes Sucessos é o primeiro volume da coleção “Música Popular em Quadrinhos, MPQ”. São oito músicas brasileiras transformadas em histórias originais, cada uma criada por diferentes artistas, como Jéssica Groke, Eloar Guazzelli e Gidalti Jr. A edição é da Brasa Editora. Conheça aqui.
Black Music
A obra de LeRoi Jones (Amiri Baraka) relata a efervescente cena do free jazz norte-americano entre os anos de 1959 e 1967. O autor escreve reflexões em diferentes estilos (ensaios, crônicas, comentários) acerca da época. O livro com tradução de André Capilé é da Sobinfluencia Edições. Conheça aqui.
dadinho [dicas culturais aleatórias]
O Tatuapé, na zona leste de São Paulo, ganhou uma nova livraria: a Poison Books, especializada em fantasia.
O escritor Henrique Rodrigues falou sobre a censura no prêmio Sesc ao programa Sem Censura da TV Brasil.
Indicado ao Oscar, The ABC's of Book Banning discute a censura de livros nos EUA.
Clara Averbuck, uma das autoras do Queria Ter Ficado Mais, abriu inscrições para sua oficina de escrita.
O Curso Tatuí de Publicação, da Sala Tatuí, começa pelo módulo de edição, com João Varella.
A série em quadrinhos Ed. Celeste está com campanha aberta no Catarse – vai sair pela Editora Hipotética.
Um detalhe
Um detalhe de Refração, obra em formato de jornal concebida pela AUA Editora e Bienal da Quebrada. O trabalho reúne contos de ficção afro-indígenafuturista sobre sonhos e tempo.
O Boletim Tatuí é a newsletter da Banca Tatuí, livraria de publicações independentes de São Paulo. Conheça a banca virtual em bancatatui.com.br e acompanhe nas redes sociais: facebook | instagram | x | youtube | tiktok
EXPEDIENTE: Boletim Tatuí; segunda-feira, 18 de março; ano 5; nº 88; escrito por João Varella, Cecilia Arbolave e Guilherme Ladenthin; diagramado por Lia Petrelli.