Bienal do Livro: Colômbia e um retrato editorial da América Latina
E mais: Faísca em Belo Horizonte, novo espaço de arte, ciência e tecnologia no Rio de Janeiro, recuperação editorial no Rio Grande do Sul, três livros de autoria colombiana, dadinho e um detalhe.
Bienalanço
Compreendendo desde livros religiosos até promessa de censura, a Bienal do Livro de São Paulo foi encerrada no domingo (15). Neste ano, o país convidado foi a Colômbia, que dedicou o estande ao livro La Vorágine, de José Eustasio Rivera, publicado há 100 anos, fora de catálogo no Brasil. Dentro do espaço foi erguida a livraria País de Livros e a Banca Tatuí foi convidada a operá-la. Para o começo do evento, a distribuidora Inovação e a Livraria Simples foram acionadas. Na segunda (9/9), o estande foi renovado com mais de 700 livros importados de gêneros, editoras e autorias colombianas distintas, que estavam esperando liberação da fiscalização do aeroporto de Guarulhos. A Bienal também teve debates voltados a profissionais do setor. Um destaque foi a apresentação de Margarita Cuéllar Barona, do Cerlalc, com um estudo preliminar de editoras da Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala e Peru. O levantamento constata que o segmento é feminino – elas são maioria em 65% das editoras – e composto por pequenas empresas – 76,5% conta com menos de seis funcionários. Mais informações podem ser baixadas aqui.
Faísca exposta
Com o tema Emergência Gráfica, a 25ª Faísca - Festival de Publicações Experimentais acontece no próximo final de semana (de 20 a 22) na Funarte (rua Januária 68, Belo Horizonte/MG). O evento terá feira de publicações, farta programação cultural e cinco exposições inéditas. Na área externa, serão erguidos painéis com o trabalho Quem Leu Leu, de Preto Matheus, designer e editor na SQN Biblioteca. Originalmente um livro de páginas soltas, Quem Leu Leu compila a poesia visual do autor. “Fomos alfabetizados a partir de fontes latinas e romanas, quando se pega uma tipografia vinda de outro lugar, nesse caso vinda da rua, isso também requer um processo de alfabetização”, afirma Matheus em vídeo. Outra exposição é uma seleção de publicações experimentais da Coleção Livro de Artista da UFMG, com curadoria de Amir Brito Cadôr, autor de Eu nunca leio, só vejo as figuras.
Laboratório carioca
O Pequenolab, espaço criativo que integra arte, ciência e tecnologia, inaugura sua nova sede na Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, no dia 28 de setembro. Localizado na rua Uruguai 205, o Pequenolab combina uma loja com produtos próprios e uma curadoria de projetos criativos de todo o Brasil. O espaço promove a economia criativa e oferece um laboratório de fabricação digital, com impressão 3D e corte a laser, permitindo que visitantes transformem suas ideias em realidade. Além disso, a iniciativa oferece cursos, oficinas e eventos para todas as idades, criando um ambiente de aprendizado e experimentação. “Queremos inspirar a criação colaborativa e fomentar a interseção entre arte, ciência e tecnologia”, afirma Marrytsa Melo, publicadora da Nano e cofundadora do espaço.
Recuperação gaúcha
O ecossistema literário do Rio Grande do Sul começa a se reerguer após as enchentes de maio. A campanha Final Feliz, organizada pelo Clube dos Editores, irá recompor os acervos de bibliotecas escolares e comunitárias afetadas, enquanto apoia as editoras gaúchas atingidas pela crise. O valor arrecadado será utilizado para comprar livros dessas editoras, que serão doados durante a Feira do Livro de Porto Alegre, de 1º a 20 de novembro. O influenciador e escritor Felipe Neto doou R$ 450 mil para a campanha – ele, aliás, é um dos convidados da Flip deste ano, o que gerou controvérsia. Outro marco da recuperação é a reabertura da Livraria Taverna, de Porto Alegre/RS, que ficou submersa por cerca de 20 dias. "Foi lindo no sábado (7) ver a livraria cheia, a rua cheia, todo mundo entusiasmado com literatura. Um festival de lindeza por aqui", diz a livreira Karine Capiotti.
3 livros de autoria colombiana
Águas de Estuário
A escritora afro-colombiana Velia Vidal reúne cartas escritas a um amigo. Através dos textos, viajamos pela região de Chocó, de maioria negra, e pela cidade natal da autora, Bahía Solano, adentrando as desigualdades das regiões e mostrando como a força da literatura e de ações culturais são agentes de transformação da realidade. A edição é da Editora Jandaíra com tradução da editora Lizandra Magon. Conheça aqui.
Febre Tropical
A história se passa em Miami, começo dos anos 2000, imersa em um calor extremo que abafa e atormenta a protagonista Francisca. Parte de uma família colombiana recém chegada aos Estados Unidos, a narrativa discorre sobre sua crise existencial e seus desejos adolescentes, lidando com o novo lar e sua excêntrica família. Um romance de Julián Delgado Lopera com tradução de Natalia Borges Polesso. A edição brasileira é da Instante. Conheça aqui.
País da Canela
Uma narrativa épica e lírica sobre a disputa dos espanhóis Francisco de Orellana e Gonzalo Pizarro na invasão à região amazônica no século XVI. Com esse enredo, o autor William Ospina, natural de Padua, consegue traçar um paralelo entre a ganância dos chamados "conquistadores" da época e a realidade atual da América Latina. A tradução é de Eric Nepomuceno. Saiu no Brasil pela Mundaréu. Conheça aqui.
dadinho [dicas culturais aleatórias]
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Um detalhe
Um detalhe da capa de Madreselva, da autora colombiana Ángela Cuartas, publicado pela Diadorim Editora. Em 52 narrativas breves, diversos personagens humanos e não humanos traçam sua existência e convivência no mundo transitando por diferentes temas como morte, memória, inconsciente, entre outros, sempre acompanhados da densidade poética da autora. A capa foi concebida pela artista gráfica e escritora pernambucana Maria Williane.
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EXPEDIENTE: Boletim Tatuí; segunda-feira, 16 de setembro; ano 5; nº 101; escrito por João Varella, Guilherme Ladenthin e Cecilia Arbolave; diagramado por Mariana Lensoni.